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sábado, 2 de janeiro de 2010

Uma viagem pelo interior da Inglaterra









Uma viagem não termina quando a gente volta pra casa. Por isso que grandes viagens duram mais, pois tornam-se inesquecíveis. Você pode contar e recontar inúmeras vezes, o que, em si, já é uma viagem. E inesquecível é a palavra que melhor define a viagem que fiz recentemente pelo interior da Inglaterra.

A rigor posso dizer que tenho uma certa familiaridade com parte do chamado "countryside", pois viajo frequentemente para visitar os meus sogros que moram no litoral de Norfolk, de onde o mar conduz ao Pólo Norte. Também já havia passado rapidamente pelo county (estado ou região) de Dorset, pelo qual me apaixonei dessa vez. A viagem foi um presente da Susan, com quem sou casado, que queria me mostrar um pouco dos lugares que ela frequentava nos tempos de estudante. Eu saí de Londres com uma vaga idéia do intenerário que faríamos.

A primeira parada desse roteiro-surpresa foi numa vila antiga chamada Cerne Abbas, que fica no Vale Cerne, na região central de Dorset. Para se ter uma idéia do tamanho da vila, o censo de 2001 registrou uma população de 732 habitantes. A principal atração de Cerne é um desenho de um gigante esculpido na lateral de uma montanha. A vila foi fundada por monges beneditinos em 987 DC e já foi famosa pela cerveja que produzia, devido à qualidade da água que brota do seu solo. A limpidez dessa água ainda pode ser apreciada no córrego que corta a cidade.

De Cerne, onde encontramos um casal de amigos, o Martin, inglês que reside há mais de 18 anos na Itália, e Cristina, sua namorada italiana, fomos para a simpática Weymouth, onde Susan e Martin relembraram os tempos em que estudavam cinema ali.

Anoiteceu às 4 da tarde e decidimos pegar a estrada rumo ao pub-hotel, onde ficaríamos por duas noites, na minúscula Nettle Combe, próximo a Bridport. Não me recordo de outro lugar melhor para dormir numa noite de frio. Encravada entre montanhas, Nettle Comb deve ser o lugar onde a paz busca refúgio, quando está cansada. Foi a primeira vez em que estive num lugar na Inglaterra onde não chega sinal de celular. Para completar, a hospitalidade e a educação ímpar dos moradores da região, deixam você ainda mais relaxado.

Manhã seguinte, depois de um típico café inglês, rumamos para o litoral, para gastar algumas horas em Lyme Regis, onde uma das principais atrações é o pier onde foi rodada a famosa cena de "A mulher do tenente francês". Visitamos também o pequeno museu da cidade, onde o autor do livro que deu origem ao filme, John Fowles, trabalhou como curador e arquivista. O museu guarda uma bela coleção de objtos arqueológicos, ja que Lyme Regis está localizada na região conhecida como Costa Jurássica. Curiosidade: compramos um ingresso que é válido por um ano. Mas o que mais me chamou a atenção em Lyme Regis foi um comportamente típico de quem vive em regiões frias e chuvosas: famílias, casais, amigos, cachorros, passeando como se estivessem em dia de verão. O Martin me explicou: se eles não saem em dia de chuva, se tornam prisioneiros na própria casa, pois chuva é o que mais tem região. Acabei entrando no clima e criei coragem para ir até a ponta do famoso pier, como prova a foto acima.

De Lyme Regis ainda tivemos energia para visitar a capital de Dorset, Dorchester. Chegamos lá por volta das 5 da tarde e já era noite. As lojas já estavam fechando, o que resumiu o nosso passeio a uma volta pela principal rua da cidade. Foi o suficiente para perceber o quanto eles veneram um dos seus filhos mais famosos, o escritor e poeta Thomas Hardy.

De volta ao silêncio e aconchego de Nettle Combe, desfrutamos de algumas pints e algumas taças de vinho, que acompanharam um delicioso jantar, antes de rumar para o conforto dos nossos quartos. Na manhã seguinte, no caminho de volta para Londres, paramos por algumas horas na pequena Roma que é Bath (foto acima). Mas isso é assunto para outro post.

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