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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sua Magestade, O Crow



"God's shoulder was the mountain on which Crow sat." Ted Hughes

Alguns animais são tão londrinos quanto qualquer "londoner". Impossível viver em Londres por algum tempo sem cruzar com esquilos, gansos, pombos, raposas e crows. De todos, o crow e a raposa são os que mais despertam a minha curiosidade. Quanto às raposas, estou só esperando que uma delas me dê a chance de fotografá-la para dedicar-lhes um post aqui.

Altivo, todo em preto, o Crow é uma ave magestosa. Ao contrário dos pombos, é impossível imaginá-lo dócil, comendo migalhas que alguma mão humana lhe estenda. É possível encontrá-los em grupos sobre a grama de algum parque, mas também é frequentemente visto em vôos solitários. Vê-lo pousar soberano sobre o topo de uma árvore, ou chaminé, é uma lição de soberania. Ontem mesmo fiquei durante infindos minutos observando um deles bem à minha frente. Do alto da chaminé, parecia preparar o próximo vôo. Até a imponente decolagem, em nenhum instante dirigiu o olhar para baixo. Outro dia, na estação de trem de Nunhead, um deles pousou no topo de um poste. Lentamente me aproximei com a minha câmera para tentar uma foto. Zeloso da sua imagem, ele ergueu a cabeça no exato momento do click.

Fotografar Crows, aliás, tem sido um dos meus exercícios londrinos. Já cheguei a perseguir um deles durante vários minutos, porque a cada tentativa ele voava e sumia de quadro. Ironicamente, só consegui fotografá-lo quando ele pousou na sacada de uma das casas da vizinhança e, claro, ergueu a cabeça como se dissesse "estou pronto".

Inspirador, Ted Hughes, grande poeta que ficou marcado pelo suicídio da também poeta e ex-mulher, Sylvia Plath, tem uma coletânea intitulada "Crow". Nele, a figura mítica dessa ave que tem um quê de divino e demoníaco, ganha versos que parecem fotografias tiradas com o consentimento do nosso herói.

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