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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Street Art



Conheço um monte de gente que só parece interessada em arte quando viaja. Acha o máximo voltar de viagem e se exibir na roda de amigos, relatando os inúmeros museus e galerias de arte que visitou. Se você perguntar que artista, que quadro, gostou mais, talvez consiga lembrar de um Picasso.

Isso talvez tenha a ver com essa coisa de se separar arte da rotina diária. Consumir arte é algo esporádico, reservado para determinados momentos. Por outro lado, parece que, pra alguns, arte é só o que está em museu. Uma escultura no caminho entre a casa e o trabalho, causa o mesmo impacto que um poste. Em certas cidades, para consumir arte, só saindo da região onde se mora. Exige-se um ritual, como ir ao cinema.

Estou escrevendo isso porque sempre que vou ao Tesco, um supermercado bem próximo da minha casa (é impossível morar longe de um Tesco em Londres), tem um conjunto de esculturas de um dos mais aclamados artistas ingleses da atualidade, Antony Gormley. Elas não chamam a atenção de ninguém. Parecem uns tocos de concreto à beira da calçada, mas na verdade é uma série criada (bollards) para substituir as barreiras de concreto que normalmente são usados para evitar que os carros invadam o espaço reservado aos pedestres. Fico imaginando que se estivessem num museu, na Tate Modern, estariam cercadas de turistas, curiosos a respeito do sentido das mesmas. Mas não, estão espalhadas pelas ruas de Peckham e East Dulwich, como poderiam estar em qualquer outra região de Londres. Exatamente como um Tesco.

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