Suchocka, Günoral, Matsushita, Slimane e Badham, são alguns dos sobrenomes inscritos na lápide de mármore, junto ao memorial que recorda os mortos dos ataques que Londres sofreu na manhã de terror do dia 9 de julho de 2005. O monumento foi inaugurado este ano, com as presenças do Primeiro Ministro Gordon Brown e do Príncipe Charles, no dia em que os ataques completavam 4 anos. É algo que os ingleses sabem fazer muito bem: preservar a memória, seja ela gloriosa ou trágica. Às vezes até de forma exagerada. No mesmo Hyde Park, local escolhido para o memorial, há outro dedicado aos animais mortos durante a II Guerra Mundial, por exemplo.
Eu já havia visto o memorial na tv, mas passar entre aquelas 52 pilastras que homenageiam as 52 vítimas do brutal ataque, é completamente diferente. Não há como não sentir uma tristeza dessas que deixa a alma coberta por denso um manto de silêncio. É como ver materializada a brutalidade humana. Nomes que pareciam tão distantes, ilustres desconhecidos, números de uma matemática macabra, ganham origem, nacionalidade, proximidade, sobrenome.
Foi exatamente a leitura de alguns daqueles nomes que acentuaram em mim a sensação do quão absurdo é um ataque terrorista. O absurdo do ataque aleatório, onde as vítimas são escolhidas pelo capricho do acaso. Não foi um ataque contra civis ingleses, o que também não justificaria, foi uma ataque contra quem vive em Londres. Um ataque contra pessoas de diferentes origens: oriental, asiática, africana.
Ao mesmo tempo, aqueles nomes me remeteram a uma ausência. Algo estava faltando. Uma vítima daqueles ataques havia sido esquecida. Por um momento senti vontade de ter comigo uma ferramenta que me permitisse achar um espaço naquela lápide, para gravar ali o nome esquecido: Jean Charles de Menezes.
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