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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Antes e Depois do Canallondres



Agora em fevereiro completei 4 anos de Londres. Considerando o período entre agosto de 1998 e julho de 1999, quando morei como estudante, são 5 anos. Mas quero mesmo falar um pouco é sobre essa experiência londrina desde que aqui cheguei em fevereiro de 2006, e vou dividir este período em um antes e um depois: antes e depois do Canallondres.

A grande diferença entre estes dois períodos está no fato de que, até abril de 2009, quando o Canallondres foi lançado, a minha convivência com a comunidade brasileira em Londres era mínima. Fora alguns contatos esporádicos, tinha, de fato, apenas um amigo brasileiro, remanescente da minha primeira etapa londrina. Durante os dois primeiros anos, basicamente, me relacionei ou com ingleses (dois) que já conhecia, ou ingleses que conheci através da Susan, com quem sou casado. Foi e tem sido uma experiência maravilhosa, porque não poderia ter forma melhor para evoluir no domínio da língua inglesa e do jeito de ser de quem aqui nasceu. Mas também não é menos maravilhosa a experiência pós Canallondres.

Se existe uma coisa chamada alma brasileira, ela pode ser vista com maior nitidez através do brasileiro imigrante. Não existe melhor filtro para separar o que é essencialmente fruto de uma cultura em particular, e o que pertence ao ser humano como um todo. Existem aqueles onde esse filtro atua com maior rapidez e, outros, mais resistentes, que se recusam a absorver influências. Com o número de brasileiros abrigados em Londres, para muitos não é necessário sequer a preocupação com o aprendizado da língua. E embora essa seja a grande barreira a ser ultrapassada para quem deseja conhecer mais da cultura em que está inserido, não é tudo. Conviver com o inglês também exige muita paciência. Não há entre eles a euforia latina que nos torna "os melhores amigos" ao descobrir algumas poucas (ou muitas) afinidades logo no primeiro encontro. Amizade à primeira vista, está fora de questão. Ainda lembro da primeira vez que um amigo inglês ligou em casa e o quanto fiquei surpreso quando, ao falar que iria chamar a Susan, descobri que ele estava ligando para me convidar para uma pint. Isso levou mais de 2 anos para acontecer. Nos primeiros contatos com os brasileiros, uma das coisas que mais surpreendiam a Susan é o quanto dois brasileiros revelam de si mesmos logo no primeiro encontro. Recentemente, conheci uma brasileira que acabava de chegar e, logo nos primeiros minutos, tinha a sensação de que tinha acabado de ler a sua biografia. Como se não bastasse, no seu pouco inglês, ela repetiu tudo para a Susan, logo em seguida.

Também me fascina ver o quanto a nossa flexibilidade, quando não é acompanhada do famoso 'jeitinho' ajuda na adaptação a um lugar tão diferente. O inglês se acostumou tanto com estabilidade e previsibilidade, que entra em pânico quando alguma coisa sai ligeiramente do 'script'. Fico muito feliz de ver tantos brasileiros abrindo espaços, com uma vontade e uma inteligência tão peculiares quanto contagiantes. Parece que o fato de termos crescido encarando tantas adversidades, crises, inflação, desemprego, nos fizeram mais fortes para encarar qualquer situação. Londres também ajuda, pois é uma cidade que absorve, envolve e aceita quem está disposto a crescer.

Por tudo isso, fico feliz cada vez que tenho a oportunidade de contar um pouco da história desses brasileiros através dos vídeos do Canallondres. Além de cada um ter uma história única para contar, aprender através dessas histórias tem um valor muito acima do que eu poderia pagar, mesmo em sonho. Ou seja: não tem preço.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Dublin, escritores e Recife









Se fosse possível precisar a inveja, Dublin seria invejada pelos escritores que produziu. Chega a rondar o mistério o fato de uma cidade, que hoje tem cerca de 500 mil habitantes, ter 3 escritores na lista de premiados com o Nobel de Literatura: o poeta W. B. Yeats, Bernard Shaw e Samuel Beckett. Como se não bastasse, Dublin também viu nascer aquele que, para muitos, é o maior escritor do século XX, e que também encabeça a lista dos injustiçados pela Academia Sueca, James Joyce. Foi através dele que descobri Dublin.

Fui a Dublin pela primeira vez em 1998, mas a sensação que tive ao desembar na cidade foi a de quem está chegando a um lugar que lhe é familiar. Um sentimento de fácil explicação, já que aquela viagem era a realização de um sonho que dormira comigo durante 11 anos. Começou exatamente em 1987, quando li Dublinenses, a primeira publicação de Joyce. Dublin e os dublinenses estavam ali, e a cidade e seus personagens muito peculiares me cativaram. Eu morava no Recife, numa época em que não tinha grana nem pra pagar uma viagem de ônibus até Salvador mas, ao terminar a leitura do último conto, disse para mim mesmo: "um dia vou conhecer Dublin". E Dublin não me decepcionou. Ainda lembro da recepção única que tive, considerando-se que veio de um funcionário da imigração: "Brazilian? You're very welcome", para espanto de uma menina de origem suiça, então minha namorada, que me acompanhava. Enquanto arregalava os olhos ela exclamou que "não sabia que brasileiros eram tão bem recebidos aqui". "Eu também não", respondi. Pouco mais de dois anos, após esta primeira visita, lá estava eu novamente.

Agora, acabo de voltar da minha terceira ida à cidade, e trago a sensação renovada de que lá ainda irei muitas vezes. O mais intrigante é que a cada visita a Dublin, faço questão de ir a alguns dos mesmos lugares que fui antes e, em seguida, acrescento alguma coisa nova à lista. É impossível ir a Dublin e não visitar o Trinity College (primeira foto de cima pra baixo), onde, estudou outro grande nome da literatura irlandesa, Oscar Wilde. Ficar diante do "Book of Kells", o livro sagrado do celtas, com suas ilustrações primorosas e texto, em latin, que não parece ter sido escrito, mas esculpido por mão divina, só é comparável a uma visita à principal biblioteca do Trinity, o mais fascinante templo do livro que tive o prazer de adentrar, em minhas viagens por esse mundo afora. Percorrer aquele longo corredor sob os olhares de cerca de 5 milhões de exemplares, é uma experiência única, incomparável, indescritível.

Uma frase atribuída a Joyce, diz: "Se um dia desaparecesse do mapa, Dublin poderia ser resconstruída através dos seus livros". O mais interessante é que escritores como Joyce tornariam possível a reconstrução não apenas de Dublin, mas do dublinense. Mais que a cidade, é o ser dublinense que está presente em sua obra. E Dublin retribui isso com um imenso respeito e demonstração de orgulho por seus filhos ilustres. Homenagens estão em toda parte. Dublin não os esquece. Dublin é a cidade que tem o único Museu do Escritor que conheço. As casas onde eles nasceram são todas preservadas ou transformadas em Fundações Educativas e Culturais. Agora mesmo, está em construção a belíssima ponte móvel, com um desenho em forma de harpa (foto acima), a ser inaugurada em 2010, e que ganhou o nome de Samuel Beckett. Todo dia 16 de junho é celebrado o Bloom's Day, em homenagem a "Ulisses", obra-prima de Joyce. Na saída de Dublin, no corredor que leva ao portão de embarque, você se despede de Dublin com uma sequência de belos painéis, com trechos de obras de alguns dos seus escritores.

Mas como Dublin sempre me acrescenta sensações novas a cada visita, não foi diferente agora. Não posso negar, no entanto, que foi surpreendente. Caminhando em direção ao hotel, já para pegar a minha bagagem e o caminho do aeroporto, ao atravessar uma das pontes do Rio Liffey, que divide a cidade em norte e sul, tive a sensação que estava atravessando uma ponte do Recife. Mais precisamente, a ponte Duarte Coelho, que liga a avenida Guararapes à Conde da Boa Vista. Mas não parou por aí. Tão logo o avião decolou, comecei a observar Dublin pela janela, à medida em que o avião ganhava altura. E aquelas luzes que iam ficando cada vez mais distantes, uma vez mais, me levaram ao Recife. Na minha mente passava o belíssimo poema "De um avião" onde João Cabral de Melo Neto descreve o Recife em camadas, visto de cima, à medida em que o avião ganha as nuvens. Eu abri um sorriso interno e pensei: "Recife deveria sentir-se tão orgulhasa de João Cabral, quanto Dublin é dos seus escritores." Neste sentido, Recife não tem motivos para invejar Dublin.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Memorial aos mortos dos ataques de 9/7 - faltou um nome





Suchocka, Günoral, Matsushita, Slimane e Badham, são alguns dos sobrenomes inscritos na lápide de mármore, junto ao memorial que recorda os mortos dos ataques que Londres sofreu na manhã de terror do dia 9 de julho de 2005. O monumento foi inaugurado este ano, com as presenças do Primeiro Ministro Gordon Brown e do Príncipe Charles, no dia em que os ataques completavam 4 anos. É algo que os ingleses sabem fazer muito bem: preservar a memória, seja ela gloriosa ou trágica. Às vezes até de forma exagerada. No mesmo Hyde Park, local escolhido para o memorial, há outro dedicado aos animais mortos durante a II Guerra Mundial, por exemplo.

Eu já havia visto o memorial na tv, mas passar entre aquelas 52 pilastras que homenageiam as 52 vítimas do brutal ataque, é completamente diferente. Não há como não sentir uma tristeza dessas que deixa a alma coberta por denso um manto de silêncio. É como ver materializada a brutalidade humana. Nomes que pareciam tão distantes, ilustres desconhecidos, números de uma matemática macabra, ganham origem, nacionalidade, proximidade, sobrenome.

Foi exatamente a leitura de alguns daqueles nomes que acentuaram em mim a sensação do quão absurdo é um ataque terrorista. O absurdo do ataque aleatório, onde as vítimas são escolhidas pelo capricho do acaso. Não foi um ataque contra civis ingleses, o que também não justificaria, foi uma ataque contra quem vive em Londres. Um ataque contra pessoas de diferentes origens: oriental, asiática, africana.

Ao mesmo tempo, aqueles nomes me remeteram a uma ausência. Algo estava faltando. Uma vítima daqueles ataques havia sido esquecida. Por um momento senti vontade de ter comigo uma ferramenta que me permitisse achar um espaço naquela lápide, para gravar ali o nome esquecido: Jean Charles de Menezes.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dicas de Londres pra quem tá chegando



Esta semana eu fui conversar com o Rafael e o Gabriel, dois brasileiros que acabaram de completar um mês em Londres. Eu conheci o Rafael através do twitter, onde seguimos um o outro. O legal de encontrá-los, além do fato de tornar real um encontro do mundo virtual, foi lembrar desse período que é a adaptação a uma nova cidade. Numa cidade como Londres, tão diferente, em todos os aspectos, de qualquer cidade brasileira, pode ser um período penoso: frio, alimentação, língua, costumes diferentes.Informação é tudo para quem quer vencer este período sem traumas.

Antes de sair do Brasil, eles lançaram até um blog, onde contam o passo a passo até desembarcar aqui: passaporte, visto, escolha da casa, escola, etc. Hoje, o blog é uma maneira inteligente e interativa de relatar o cotidiano deles para a família e os amigos que ficaram no Brasil.

Na conversa com eles, eu também pude entender melhor porque o link "dicas", com Kléber Saúde, uma grata revelação como apresentador, é um dos mais acessados do Canallondres, desde o seu lançamento. Foi uma das decisões mais bacanas que a gente tomou. É algo que gratifica muito saber que você está ajudando pessoas.

Outra prova do interesse por esse tipo de informação, principalmente por parte dos estudantes, é o programa sobre imigração, com o especialista Daniel Martins. Até mesmo o anúncio da sua empresa, em nosso "classificados" é, de longe, o mais acessado da página.

Breve você vai ver o programa que estamos preparando com a dupla Rafael/Gabriel. Eu tenho certeza que, pela simpatia e naturalidade com que eles se comportam diante das câmeras, além do interesse que o tema desperta, será mais um programa de sucesso na tv dos brasileiros em Londres, ou em qualquer lugar do mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Primeiro dia de viagem



Olá,

Hoje a gente está começando uma nova viagem, nesse imenso mundo virtual. Falo a gente porque aqui na internet ninguém viaja sozinho. É um mundo sem fronteiras, onde todo mundo pode embarcar e desembarcar à hora que der na telha.

Não existem dados oficiais, mas calcula-se que entre 2 e 3 milhões de brasileiros vivem no exterior. Uma verdadeira diáspora que espalhou conterrâneos mundo afora a partir do início dos anos 90. Foi pensando nestes brasileiros, mais especificamente naqueles que vivem em Londres, que, no dia 02 de abril de 2009 nasceu o Canallondres.tv. Quase 7 meses depois, a gente expandiu as fronteiras e estamos cobrindo a Europa. Já estivemos na Itália, França, Alemanha, Portugal, Espanha e Dinamarca. Alguns dos muitos programas gravados nestes países, pela nossa diminuta, competente e brava equipe, já estão no ar. Outros, aguardam na fila de edição.

Também já mostramos muitos brasileiros em Londres, o que eles fazem, como se divertem, o que sonham para o futuro. Estamos formando uma verdadeira videoteca com informações valiosas sobre estes brasileiros que estão levando a nossa bandeira e a nossa cultura para os 4 cantos do mundo. Se você é um desses brasileiros, isso é mais um motivo para participar, dividindo a sua experiência com a gente.

Não poderia de registrar alguns nomes que fazem parte da nossa curta, porém intensa, história: Mino Reis, Roberta Arantes e Gustavo Cid, que já retornaram ao Brasil. Aqui em Londres, estamos eu, a Susan Ferreira e a Caroline Ravagnani, tocando o barco pra frente. Venha com a gente. Você é muito bem-vindo.